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OHpositivo

Oliveira do Hospital... no sopé da Serra da Estrela!

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Oliveira do Hospital... no sopé da Serra da Estrela!

AMIGOS | Em busca de quê?

18.02.09, OHpositivo - Nuno Oliveira

"Ontem estive a ver e a ouvir, principalmente, o debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Numa época em que as pessoas estão cada vez mais a assumir relações de vivência conjunta sem o casamento, parece-me que se torna pouco inconsistente todo este ênfase e toda esta luta.

Entendo que os não heterossexuais se sintam observados e algumas vezes postos de parte pelos heterossexuais, mas isso são preconceitos que também começam por eles.

Exactamente como com o racismo. Eu já fui vítima de racismo e sou caucasiana.

E fui vítima de racismo em Portugal. No meu local de trabalho.

Eu sou discriminada no meio desta sociedade pelo simples facto do meu estado civil. Pior, pelo simples facto de não estar inscrita num partido.

Posso considerar-me discriminada por muitos aspectos e sou.

Já fui discriminada por ser mulher, numa entrevista que tive para um emprego numa empresa do Sr. Belmiro de Azevedo.

Mal respondi à pergunta "Pensa ter filhos?", acabou a entrevista e quanto ao "depois contactamo-la", já lá vão dezanove anos e ninguém me disse nada.


 

Voltando ao casamento dos não heterossexuais (deixa-me escrever aqui que digo não heterossexuais para não estar sempre a escrever homossexuais, lésbicas, transgéneros e transgénicos e não me vá esquecer de alguém e depois ainda sou insultada por homofobia, como ouvi ontem no tal debate) e ao debate de ontem, tenho a dizer que achei muito má a forma de estar de alguns dos intervenientes.

A senhora que estava na mesa redonda com conversa estilo "peixeirada" só perdeu com essa atitude.

Fiquei desiludida.

Acho que se defendemos as nossas ideias temos argumentos suficientes para apresentar sem termos que nos aproveitar de subterfúgios de recreio escolar.

Termos do género "quer apanhar o avião para o ir lá buscar?" ficaram-lhe muito mal.

Depois a repetição constante de uma frase ou uma palavra é um método usado para não deixar falar os outros e de quem também não os consegue refutar. O levantar do tom de voz também me pareceu ser pouca confiança em alguém que se queria mostrar tão segura. Aliás, no final do debate viu-se que a senhora esteve muito aquém de dizer algo de proveitoso.

Depois, as intervenções dos elementos do público também não eram muito respeitosas por vezes.

Havia sarcasmo e penso que não era isso que se pretendia.

Até havia um senhor que estava quase deitado na cadeira. Ainda eu chamo a atenção dos jovens para a postura que têm... Para quê?

Estes são os exemplos dos tempos modernos e de quem se sente injustiçado. Devo andar a fazer figura de ursa...

Não sou católica. Não defendo o casamento de alguma espécie. Nem defendo o não casamento.

Ainda vivemos num país livre...

Apenas acho que talvez se pudesse começar por trabalhar para a igualdade nas questões mais urgentes, como por exemplo o direito à educação, à saúde, ao trabalho, à igualdade de oportunidades entre homem e mulher no que diz respeito à subsistência. Para não ir mais longe...

Porque neste momento são assuntos prementes.

Claro que os sentimentos são importantíssimos, mas viver o Amor é muito mais importante que o assinar alguma coisa que prove... que prove o quê?

Que se amam?

Isso temos que provar com actos todos os dias, não é a assinar um papel que o fazemos.

Muito se vai ainda escrever e falar sobre este assunto.

Devíamos era aproveitar o tempo para tentar ser felizes.

(Mesmo que os outros não nos dêem autorização.)"

 

Crónica de Amigos por "Nos Bastidores de Hollywood"