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OHpositivo

Oliveira do Hospital... no sopé da Serra da Estrela!

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Oliveira do Hospital... no sopé da Serra da Estrela!

Apresentação pública do livro "Amor, Ternura e Fantasia" de Feliciano da Silva. A entrevista.

23.08.07, OHpositivo - Nuno Oliveira

Realiza-se no próximo dia 1 de Setembro, Sábado, pelas 21h30mn, no magnífico Fórum Romano da Bobadela, a apresentação pública do livro de poesia "Amor, Ternura e Fantasia", da autoria de Feliciano da Silva, editado pelo Município de Oliveira do Hospital.

Sabendo de tal evento, fiz questão de querer conhecer pessoalmente o autor, a quem entrevistei.

Talvez fosse mais fácil falar desta pessoa antes do conhecer mas, depois de ter o prazer de dialogar, durante cerca de duas horas e meia, com a simples e bem disposta pessoa, o poeta Feliciano da Silva, poucas serão as palavras e adjectivos que escreverei para qualificar e descrever tão puro, carinhoso e enorme ser humano.

Foi emocionante o diálogo que estabelecemos. Sem nunca perder a sua boa disposição e o seu sorriso contagiante, por detrás das suas pálpebras, algumas lágrimas de saudade e de dor evitaram expelir-se, principalmente, quando alguns versos mais íntimos me recitou.

Uma vida que em nada foi fácil. Vive e viveu sempre intensamente as alegrias e as tristezas daqueles que mais ama, a sua família. É com bastante emoção e muito amor, que fala sobre a sua maior fonte de vida, a sua esposa "Teresinha", há alguns anos acamada, a qual diz ser  "a sua menina" e para quem, quase todos os dias, tem escrito bilhetes amorosos, os quais, até há algum tempo, colocava de cima da sua mesinha de cabeceira para que esta os lesse. "Cada dia que passa, mais Amor sinto por ela", diz Feliciano da Silva com um brilho nos olhos.

Fala das suas filhas "Tininha" e  "Paulinha" (já falecida e por quem reza todos os dias, carregando uma dor que o tempo não apagou) com um orgulho que só um pai "galinha" pode sentir.

Os seus cinco netos: Tiago, Diogo, Diana, Margarida e "Gugu", considera-os "as flores mais lindas do seu jardim espiritual".

Foi neste preâmbulo de emoções fortes, que o entrevistei, sobre este seu novo episódio de vida.

ohpositivo - De que falam os seus poemas?

Feliciano da Silva - Do "Amor" que nutro pela minha esposa, pelas minhas filhas e pelos meus netos; da "Ternura" que direcciono quando falo dos velhinhos, das crianças e do meu semelhante; da "Fantasia" com que reforço o quão de belo descrevo em alguns dos meus poemas.

oh+ - Era já um sonho antigo...

F.S. - Não era um sonho antigo mas, depois de muitos poemas por mim recitados entre "família", a minha esposa e alguns amigos incentivaram-me a transcrevê-los conjuntamente. Aí, foi o meu neto Tiago que teve o trabalho de efectuar a recolha de todos os "bilhetinhos", a qual depois de consumada, a editou "entre portas", oferecendo-me um "livro" na comemoração das Bodas de Ouro do meu casamento.

oh+ - Como surgiu a oportunidade desta edição pública?

F.S. - Foi uma surpresa muito, muito grande do Presidente do Município, Mário Alves, perante a qual não tenho palavras para exprimir a alegria que sinto. Sinceramente, deixou-me bastante comovido.

oh+ - Com que idade começou a escrever os seus poemas?

F.S. - Desde 1947 que os escrevo. Sempre que os escrevia, guardava-os numa gaveta. Só assim, hoje, tenho esta oportunidade de retratar parte da minha vida num livro de poesia. Independentemente da longevidade de alguns, nunca permitirei que alterem uma simples vírgula em tais escritos. O que está escrito, está escrito.

oh+ - É o seu primeiro livro. Gostava de voltar a escrever um segundo?

F.S. - Sim, gostava. De forma a dar continuidade a esta primeira edição que tanto acarinho.

Quem é Feliciano da Silva?

Nasceu a 27 de Abril de 1930 em Travanca de Lagos. Aos treze anos partiu para Lisboa, à conquista dos seus ideais de vida. Aí, consegue o seu primeiro emprego como simples comercial. Oito anos depois, funda aquela que ainda é hoje a sua empresa. Logo aqui, reforça a sua relação com mundo das crianças principalmente com as mais carenciadas pois, sendo comerciante de brinquedos faz questão de, sempre que visita a sua amada Travanca de Lagos, trazer brinquedos para todas elas.

A sua actividade e o espírito de aventura permitem-lhe que em viagens de negócios e turismo percorra Portugal de lés-a-lés, incluindo as ilhas da Madeira e dos Açores, e visite alguns países no estrangeiro.

O seu gosto pela poesia leva-o, por volta dos dezassete anos, a escrever os seus primeiros versos, os quais já declamava quando solicitado por familiares e amigos mais íntimos.

"Deus Castiga", foi a peça de teatro por si escrita num acto, quando tinha vinte anos. A mesma, é aprovada pela Presidência do Conselho, inspecção de espectáculos, sem que lhe façam qualquer corte. Dada a maturidade desta peça, é esta classificada para maiores de dezoito anos.

Faz teatro em grupos amadores de acção católica, onde recita versos da sua autoria.

Os jornais "A Comarca de Arganil" e "Correio da Horta", da ilha do Faial, têm ao longo destes anos publicado vários poemas da sua autoria.

E como os últimos são sempre os primeiros, este magnífico homem tem dedicado toda a sua vida à família, sem nunca perder de vista as suas raízes travanquenses, que com orgulho evoca.

Depois de sessenta e quatro anos ininterruptos em Lisboa, e com setenta e sete anos de idade, este "jovem" é um exemplo do que é viver em prol dos outros, e para quem o seu Amor não tem limites.

 

Sentida Dedicatória

 

A vida destinou-lhe sôfregos momentos,

Que nem o passar do tempo os apaga.

Suas lágrimas, derramam por dentro,

Seu contagiante sorriso por fora as afaga.

 

Pessoa com um coração enorme,

Não tem limite para o Amor.

Salta muros, passa fronteiras

Para aliviar a sua dor.

  

Tudo isto é agora relatado

No seu livro de poesia,

Bilhetes outrora guardados

Que originaram, "Amor, Ternura e Fantasia".

 

Foi nesta intersecção de sentimentos

Que conheci este admirável senhor,

Falo-vos de Feliciano da Silva,

O homem, o poeta, o escritor.

 

Nascido em Travanca de Lagos

Foi em Lisboa que fez vida.

É esta a síntese de uma história

Que por mim, jamais será esquecida.

 

Nuno Oliveira

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